Leitura: “Maus” e “Persépolis”
Escolhemos como dicas de leitura para este mês dois livros de histórias em quadrinhos baseados em casos verídicos de sobreviventes de guerra e revoluções. Uma forma muito interessante de se conhecer a história um pouco mais a fundo.
‘Maus’ é um livro sobre a vida de Vladek, um judeu que sobreviveu ao Holocausto. Ele é desenhado e escrito por seu filho, o cartunista americano ‘Art Spiegelman’. A maneira como a história se desenrola é muito envolvente, contada em detalhes, com a participação do próprio Art, que sofre tentando entender o seu pai, descrito por ele como um judeu sovina, racista e de relacionamento difícil. Ao mesmo tempo em que Art encontra o pai para as entrevistas e escreve sobre os horrores da guerra, ele sente-se culpado por ser um filho ausente, pelo mau relacionamento com o pai e pelas questões familiares mal resolvidas, como a morte da mãe, que se suicidou.
‘Maus’ significa rato em alemão e outra característica original da obra é que os judeus são representados desta forma no livro, como ratos. Aliás, todos os personagens são bichos, diferenciados conforme a nacionalidade: alemães são gatos, poloneses porcos e americanos cachorros.
O livro ganhou o prêmio Pulitzer em 1992 e em 2011 foi publicado nos EUA o making of da obra ‘MetaMaus’, o qual inclui um DVD com o primeiro livro digitalizado (ainda sem previsão para publicação no Brasil).
Persépolis é um livro autobigráfico da ilustradora Marjani Satrapi, uma iraniana que faz uma narrativa sobre os acontecimentos no Oriente Médio a partir do ano de 1979. Marjani começa contando sua história ainda criança, quando com dez anos vê seu país abalado pela revolução islâmica. O uso do véu se tornou obrigatório, as escolas tornaram-se diferenciadas separando meninos de meninas e muitos pais de amigos foram presos.
Neta de um imperador deposto, a mãe de Marjane era marxista e lutava, ao lado de seu marido contra o governo xiita.
Enquanto conta histórias de sua infância privada de liberdade, é possível perceber as consequências da guerra para a população iraniana. Pais mandando seus filhos antes dos doze anos viver na Europa, sem sequer falar o idioma, para que pudessem se livrar do alistamento no exército. As perseguições, a proibição de festas, bebidas alcoólicas e música tornam a vida mais difícil no país.
Seu livro foi publicado na França 25 anos depois e em 2007 foi lançado o filme Persépolis que concorreu ao Oscar de melhor animação, perdendo para Ratatouille.
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